Neste post vamos abordar assuntos muito importantes que se destacam quando o assunto é morar fora. Como dito no lançamento desta série (esse post faz parte de uma série intitulada IMMIGRANT SERIES), essa matéria pode parecer um pouco pessimista. Na verdade nosso intuito é mostrar para você uma outra faceta, pouco mencionada, vivida pela perspectiva do imigrante. Ele(a) passa por momentos muito difíceis nessa jornada.
1. Mudança no padrão de vida
Para quem nunca morou fora, a primeira coisa que eu diria é que você vai se tornar um estrangeiro em uma terra que não é sua por natureza e nem por direito. Logo, você deve estar sujeito a se tornar um imigrante, e diga-se de passagem, muitas vezes, um imigrante ilegal.
É muito comum ver pessoas letradas sairem do seu país de origem com seus diplomas e com uma profissão estável, como advogado por exemplo, se aventurarem lá fora. Chegando lá, ele se depara com uma situação de impotência por diversos motivos. A lei é diferente, as pessoas são diferentes, o jeito que se faz negócio lá e a lógica do mercado é diferente. Mas como ele precisa de dinheiro pra viver, ele aceita o primeiro emprego que aparece: mão-de-obra barata. Essa mudança é violenta. Brutal. Às vezes desmoralizante.
A minoria das pessoas chega em um país estranho já com um emprego garantido. Mas a verdade é que a grande maioria vai “na fé e na coragem” e quando chega lá, a opção mais rápida que tem é trabalhar com mão-de-obra pesada.
Pessoas com entre 30-50 anos de idade se sujeitam a trabalhar como camareiras, pedreiros, pintores, limpadores de piscina, zeladores, empregadas domésticas, etc. O lado bom é que, em geral, elas são bem remuneradas. Porém, geralmente esses trabalhos são bem desgastantes. Então saiba que na grande maioria dos casos, você não terá o mesmo padrão de vida e conforto que você tem no seu país de origem, pelo menos no início.
2. Perda de sua nacionalidade
O pai de uma amigo meu me falou há anos atrás que: quando ele estava nos Estados Unidos, ele sentia muita falta do Brasil. Quando estava no Brasil, sentia muita falta de voltar para os Estados Unidos.
Então o que quero dizer com isso é que a gente perde um pouco da nossa “pátria.” Ou seja, você já não sabe ao certo a qual país você pertence: se você é brasileiro ou se você é dos Estados Unidos. Isso significa também que a cultura que você carrega do Brasil dentro de você pode ir perdendo força e a cultura do país estrangeiro onde você mora agora, pode começar a crescer e criar raízes em você.
3. Bye-bye pão francês
É comum pessoas não gostarem das comidas de fora dizerem que a comida do Brasil é melhor.
Bom, se você está indo para outro país de mudança, eu sugiro que você esteja disposto a mudar seus hábitos alimentares, já que lá é tudo bem diferente. Não necessariamente melhor ou pior, mas diferente.
O almoço é diferente, o que as pessoas comem na janta é diferente, a maneira que se faz compras no supermercado é diferente, os temperos são diferentes, os cortes de carnes são diferentes. Nos Estados Unidos, por exemplo, no café da manhã, é muito comum comer bacon, ovos, cereal, donuts, bagels. Não existe o seu pãozinho francês fresquinho da padaria.
Então não estou dizendo aqui que a comida é pior nem melhor, minha idéia é fazer você perceber a diferença, se conscientizar que ela é real, e estar disposto a mudar de mente para assim amenizar o sofrimento.
4. A discriminação pode acontecer
É isso mesmo. Nos Estados Unidos, por exemplo, existem milhares e milhares de imigrantes ilegais. Lá, você ouve muito um termo que se refere a pessoas oriundas de quaisquer país da América Latina com exceção do Brasil: hispano (hispanic).
O hispano fala espanhol, independente se é o espanhol do México, Venezuela ou Chile. Para um americano nativo, não faz a mínima diferença, por exemplo, se o imigrante é hispano ou brasileiro, se ele fala espanhol ou português. Na prática, é tudo “farinha do mesmo saco.” Para ela, todo mundo que é da América Latina é um hispano, um imigrante que fala espanhol.
Como resultado disso, podem acontecer situações desagradáveis onde você não é atendido no banco da forma adequada, ou você é mal-atendido no mercado simplesmente por causa da sua cor ou simplesmente por causa que você não é americano nato.
5. Barreira da língua
A barreira com a língua é inevitável. Ponto. Já que isso é muito comum, sugiro que você esteja preparado psicologicamente.
Antes de se mudar, invista nos estudos. Invista no aprendizado da lingua. Se você não fala Inglês ou está no nível básico, não recomendo você ir agora porque você vai precisar de muito tempo para aprender a lingua e isso vai ter um certo “custo”. Esse custo significa dor, sofrimento, constrangimento, etc.
O que recomendo é que você tenha já cursado o nível básico ou pelo menos feito um curso específico para viagens. (link curso viagens).
Imagine assim: você se muda para os EUA com o Inglês nível básico e fica lá por um ano. O resultado é que você volta com um Inglês “meio” intermediário, mas ainda tem muita dificuldade. Agora se você vai, tendo terminado o básico aqui no Brasil, em um ano, você volta produzindo muito mais, entendendo muito mais, com uma fluência muito melhor, pronúncia superior e uma desenvoltura muito mais desenvolvida.
Se você tem filhos pequenos, saiba que eles aprendem muito mais rápido. Em aproximadamente seis meses, eles já estão “se virando”. O nível de adaptação e absorção deles é tão rápido que você vai ficar com inveja do seu próprio filho(a). Risos. Isso é assunto para um outro post.
No próximo post, vamos aprofundar um pouco mais o assunto de Crise de Nacionalidade.